As manifestações de intolerância continuam a fazer vítimas no jornalismo brasileiro. Recrudescem os ataques à liberdade de imprensa, à livre manifestação de pensamento, ao direito de crítica.
O site The Intercept Brasil e sua equipe de jornalismo passaram a sofrer ataques após revelar diálogos de autoridades envolvidas na operação Lava Jato. O principal ataque partiu do ministro da Justiça, Sérgio Moro, um dos citados nos diálogos.
Alegando que as redações estão cheias de ideologia comunista, um empresário catarinense – anunciante do SBT e amigo do presidente Jair Bolsonaro – pediu a demissão da jornalista Raquel Sherazade, depois que ela mudou seu posicionamento político sobre a Lava Jato.
O jornalista Paulo Henrique Amorim, outro crítico da Lava Jato e do Governo Jair Bolsonaro, foi afastado da apresentação do programa Domingo Espetacular, da TV Record, posto que ocupava há 13 anos, ao que parece após pressão do presidente da República e seus aliados sobre a emissora.
Sobrou até para o historiador Marco Antônio Villa que, tendo sido crítico insistente dos governos anteriores, agora foi afastado do programa que apresentava e depois deixou a Jovem Pan, por suas críticas a Bolsonaro e a seu governo.
No entanto, o mais triste, os mais violentos foram os assassinatos de dois jornalistas em Maricá, no Estado do Rio, na esteira de outros assassinatos que vem sendo cometidos de jornalistas e comunicadores no país. Foram quatro somente no ano passado.
Não há, nem pode haver, justificativa para tais atos de barbárie!
O direito à vida é o primeiro direito civilizacional a ser defendido por todos, de um extremo ao outro o espectro político. O jornalismo existe, também, para defendê-lo. Vemos com espanto e indignação atos de barbárie se alastrando pelo país sem que as autoridades se empenhem efetivaqmente para buscar os culpados!
A APJor considera esses episódios – todos eles - como ataques ao jornalismo. São claras tentativas de censurar a imprensa e constranger os profissionais.
É tempo, também, de os próprios jornalistas e demais comunicadores se articularem na criação da sua rede de autoproteção. Devemos fazer todo o possível para que atos da natureza dos aqui descritos não se repitam.
Acreditamos que o papel do jornalismo é, em primeiro lugar, fiscalizar a ação dos governantes e dos poderosos e divulgar os fatos a que teve acesso, doa a quem doer. Não há como deixar de ser crítico.
A APJor repudia esses ataques como atos de censura e defende a liberdade de expressão de forma ampla.
Abaixo a censura e toda a forma de perseguição a jornalistas!
Que as autoridades cumpram sua obrigação de investigar, identificar e punir os assassinos de jornalistas e comunicadores!
Viva a liberdade!
Associação Profissão Jornalista, São Paulo, 26 de junho de 2019.